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Acabou! Acabou! É tetraaa!!!
14/09/2010
"Acabou! Acabou!!! É tetraaaaa!!!!!!! É tetraa!"
É isso... Acabou. A Irlanda acabou, quer dizer, meu tempo na terra verde se foi. Todas as vezes em que me pensava sobre como seria meu último dia aqui, eu, não sei porque, mas pensava no Galvão Bueno e no Pelé gritando no final da Copa de 94: "Acabou, acabou! É tetraaaaaaaaaaa!!!". Claro que também imaginava que eu estaria empacotando minhas coisas velhas para levar para doação, que estaria comprando lembrancinhas para levar para todos, dentre outras coisas.
Achei que seria uma comemoração. Eu estaria apenas feliz com tudo o que acontecera e pronto. Acabou e vamos por os pés no Brasil, Thatiana, para começar de novo, mas não foi só isso. Quando chega a hora acontecem coisas inesperadas e sentimos outras confusas.
Fiz meu mochilão pela Europa em agosto, meu último mês completo. Conheci muitas coisas desse velho mundo. Rezei muito, pois a quantidade de igrejas que visitei no leste europeu não foi brincadeira, rsrs. Essa foi uma das partes boas: as viagens... Terminei meu curso de inglês e business! Conhecimento e certificado! Bom também. Sai do Metro! Não preciso mais acordar antes das seis! Iupiii! Mas... Se terminei o curso da escola quer dizer que não mais verei meus colegas: saudades. Se não acordo cedo para ir para o jornal não tenho mais minhas aventuras inesperadas todas as manhãs liderando o time: saudades. Se estou viajando isso significa que não estou cuidando da Charlie: saudade! Esse também foi um tempo de saudades e despedidas. Não chorei. É estranho, pois foi como se isso não fosse necessário. A cada abraço de despedida eu agradeci pela oportunidade de ter conhecido todas aquelas pessoas. Mas... Será que não dava pra ficar só com a parte boa? Acho que essa vai ficar, depois que o tempo passar um pouco e eu "voltar ao mundo real".
No final de julho, antes do mochilão, fiz uma Leaving party (Festa de despedida). Cada um estava lá, mesmo que só um pouquinho, já que muitos tinham que trabalhar no sábado - a maioria do pessoal do Metro foi. Com a minha família irlandesa, fizemos um jantar e para me despedir dos amigos da empresa fizemos um encontro em um restaurante paquistanês.
Minha festinha de despedida com amigos e, ao lado, no almoço de despedida da La Rich (eu fiquei bem indiana no meio dos Irlandeses, rsrs).
Escrevo esse post de casa, em Belo Horizonte. Me dá um vazio no estômago em lembrar dos que ficaram. Sinto saudades... Faz uma semana que estou no Brasil e minha primeira parada foi o Rio. No vi o Cristo, mas tomei banho de mar (acho que a água estava meio suja, rs. Fria também, mas não senti). De cima cantei Samba do avião, de Tom Jobim, enquanto nos aproximávamos do Aeroporto Santos Dumond. Fiz umas "amizades"com quem estava sentado nas cadeiras ao lado e eles me ajudaram a cantar. Reconheci a nossa arquitetura, nossos prédios, nosso mar! E senti cheiro... No frio irlandês não dá pra sentir cheiro.
Dois dias depois cheguei em Belo Horizonte. "Desembarquei na rodoviária" onde minha irmã e umas amigas me buscaram. Acho que nunca gritei tanto na vida, afinal foram 2 anos fora. As pessoas ao redor devem ter estranhado muito quando viram aquelas loucas estéricas. Foi uma sensação estranha, não sei descrever. Acho que vou sentir isso só uma vez na vida. Meu pai veio no outro dia. Essa parte também é indescritível. "Eu só seu que amei, que amei, que amei...".
Já andei pela cidade, comi de tudo o que se possa imaginar só pra sentir o gosto da comida brasileira (mentira! Falta pequi!). Sinto saudades ainda, mas agora de quem ficou. Na minha festinha de recepção passaram um vídeo com fotos minhas e aí foi que eu chorei, pois vi a foto dos meus amigos que agora estão do outro lado. "Ê vida mardita". Não se pode ter tudo, não é mesmo?
Agora desejo sorte aos que ficaram. Aos que fizeram o caminho inverso (eu!) me basta aproveitar o que aprendi durante todo esse tempo longe de casa. É como se fosse um sonho... Quando entrei na minha casa senti que eu tinha apenas dormido e acordado no dia seguinte aqui; todas as pessoas e coisas em seu lugar, iguais, como deixei, mas tinha algo diferente. Eu estava diferente.
Só me resta agora aprender com essa nova mulher que surgiu no velho mundo.
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