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Eu imigrante
09/04/2010

Imigrante. Palavra forte, quando ouço parece até que possui um significado negativo... No dicionário é definido como "visitante permanente ou temporário a outro país que não a sua nação". Na prática, parece ser aquele que chega para despojar o que é daquela terra e de seus cidadãos...

Por outro lado, acredito que a palavra imigrante também faz lembrar aquele que é trabalhador. Muitos países precisam de mão-de-obra estrangeira para crescer. Isso aconteceu com países da Europa, inclusive com a Irlanda. Ironia do destino (ou não), os irlandeses foram imigrantes em outros países durante muito tempo. O país era extremamente pobre e muitos foram os que tentaram uma nova vida fora daqui, principalmente nos Estados Unidos. Com o crescimento econômico das últimas décadas, cerca de 180 mil irlandeses voltaram pra cá e junto com eles outros milhares de estrangeiros a procura de melhores oportunidades de trabalho e vida.

Minha visão do tratamento dado ao imigrante por aqui é positiva. Não sei se é porque os irlandeses têm um histórico de emigração ou se é simples simpatia, mas acredito que temos "acesso" e somos respeitados. Somos MUITOS, realmente muitos pelo país. De acordo com a Central de Estatísticas da Irlanda, em 2006 o país tinha quase 4 milhões de habitantes e cerca de 420 mil eram estrangeiros que vieram de 188 países diferentes... Isso é perceptível pelo número de línguas que se escuta nas ruas de Dublin, a capital Irlandesa. São pessoas dos mais variados cantos e que são, de certa forma, os novos "Irishs" (irlandeses).

No nosso caso, dos brasileiros, o principal motivo para estar aqui é a busca pela tão sonhada fluência no idioma. A maioria de nós têm visto de estudante, o que ainda nos permite trabalhar de 20 a 40 horas.

Visto no Immigration Office (Escritório de Imigração)

A história do visto (de estudante!) começa bem antes de chegar na Irlanda. Ainda no Brasil, é interessante que todos os documentos já estejam prontos. Vou escrever um outro post sobre esses documentos, assim não misturo as coisas...

Bom, se o interessado possui todos os documentos a possibilidade de não tirar o visto é quase nula. Nada de pânico. Ninguém está fazendo nada errado. Acho que o principal problema é quando o interessado não sabe falar inglês, o que acontece na maioria dos casos, contudo isso não é o fim do mundo e as pessoas da Imigração estão preparadas para receber pessoas com dificuldade na comunicação. Mas claro que em todo lugar também existem aqueles com "má vontade", daí acho que o melhor a fazer é manter o equilíbrio, tentar entender e caso seja impossível, aguarde um tratudor. NUNCA vi nenhum caso em que alguém precisasse de um, pois na imigração realmente eles se "fazem entender".

Paciência... A fila é longa e eles têm horários específicos na parte da manhã para atender os que querem tirar o visto de estudante. Outra coisa, não existe regra definida para as perguntas na imigração, o que deixa todo mundo meio desconfiado despreparado para essa parte. Tenho amigos que responderam muitas perguntas, outros quase nenhuma. No meu caso, lembro que ele começou perguntando meu nome e sobrenome:

- Thatiana Gomes
-Sorry? Could you repeat please? (Desculpe, pode dizer de novo?)
-Thatiana Gomes
- Could you spell that? (Pode soletrar isso?)
-T-H-A-T-I-A-N-A G-O-M-E-S
- Right. You are here to study english, aren't you? (Certo. Você está aqui para estudar inglês, não está?)
-Yes.
- OK, please look at that camera over there (ok, por favor olhe para aquela câmera ali)

Olhei para a camerazinha no canto da parede e nem ousei sorrir, estava um pouco nervosa e não queria dar nenhum "fora". Tirei a fotografia para a minha Garda National Immigration Bureau ID (GNIB ID) que é uma carteirinha, como se fosse a nossa identidade por aqui. No cartão esté escrito que isso não é uma identidade, porém todo mundo a usa como tal.

Quando sai do guichê de atendimento fui até a saída. De lá pude ver o salão inteiro, cheio de estrangeiros com as senhas na mão esperando para tirar o visto de "imigrante". E com a minha identidade na mão me senti mais segura do que quando entrei ali.

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